A idade e o desenvolvimento da terra

A idade e o desenvolvimento da terra


A parte das questões especificamente ligadas à origem e natureza dos seres
humanos, há dois problemas que têm despertado interesse ao longo dos anos: a
jdadí.' da terra e o desenvolvimento dentro da criação. O conflito sobre a idade da
terra lança a idéia de que a Bíblia ensina que Deus criou tudo cerca de seis mil anos
atrás (4004 a.C. foi a data exata calculada pelo Arcebispo James Ussher) contra os
indícios geológicos de que a terra possui vários bilhões de anos. As tentativas de
solução em geral ajustam as informações científicas ou as bíblicas, ou ambas.



Com freqüência, os que sustentam que a terra é relativamente jovem' questionam
a validade dos métodos científicos de datação,1' especialmente os que usam
materiais radioativos:5 Alguns deles argumentam que, por ocasião do dilúvio, a
terra ficou sujeita a forças geológicas incomuns que a alteraram de modo que hoje
ela parece muito mais antiga do que de fato é.

Uma teoria engenhosa defende que
Deus criou o mundo seis mil anos atrás, mas a fez como se já tivesse bilhões de
anos. Por outro lado, os que crêem que a terra existe há bilhões de anos alegam que
as genealogias bíblicas não foram feitas'para serem usadas no cálculo do início do
tempo. Além disso, a palavra hebraica traduzida por "dia" em Gênesis 1 pode ter
vários significados, inclusive um longo período de tempo. Alguns sustentam que
"dias" não são nenhuma espécie de intervalo de tempo, mas simples figuras de
linguagem. Parece-me que a teoria mais satisfatória é a que sustenta que Deus criou

A Obra de Deus


numa série de atos que ocuparam longos períodos e que isso aconteceu numa data
indefinida. Isso faz plena justiça a ambos os dados: científicos e bíblicos.
O outro tema importante acerca da criação e a ciência é a questão do desenvolvimento.
Os evolucionistas alegam que a vida originou-se por meio de um conjunto
de fatores acidentais e que, por um processo conhecido como seleção natural, todas
as espécies que hoje existem derivaram de um organismo simples. Os criacionistas
que crêem no fiat insistem “que Deus criou diretamente, no princípio, todas as
espécies que existiriam e que não há evolução.


Os evolucionistas teístas alegam que
Deus criou o primeiro organismo e colocou em seu universo o processo pelo qual a
vida se desenvolveu de acordo com as leis científicas, talvez ajudados em alguns
pontos pela intervenção de Deus (e.g. a mudança de um primata mais evoluído
para o primeiro homem).






















Precisamos observar os indícios significativos que comprovariam o surgimento
de novas espécies por meio do desenvolvimento natural: a semelhança entre
algumas formas diferentes e a existência de algumas formas transicionais; a restrição
de certas espécies a áreas isoladas (e.g., a Austrália); a existência de órgãos
vestigiais (e.g., o cóccix humano). Os relatos bíblicos, no entanto, entendidos de
acordo com os conceitos de inspiração e autoridade que esposamos neste livro,
parecem ensinar que Deus criou numa série de atos. Amelhor combinação dessas'
considerações é encontrada no que às vezes se denomina criacionismo progressista.
Essa posição nota que a palavra hebraica traduzida por "tipo(s)"5 em Gênesis 1 não
pode ser considerada mais específica do que é. Trata-se apenas de uma palavra
para subdivisões e, portanto, não exige a interpretação de que Deus criou todas as
espécies de forma direta.


De acordo com essa teoria, Deus teria criado o primeiro
membro de um grupo de criaturas (digamos, o primeiro cavalo); no decorrer de um
longo período, outras formas bem semelhantes evoluíram dele. Depois, Deus criou
outros tipos, bem diferentes quanto à natureza, de modo que os pássaros não
evoluíram dos peixes, por exemplo.

Isso harmoniza-se bem com os dados bíblicos e
com os dados científicos, pois é notável que há deficiências sistemáticas nos
registros fósseis. Assim, pode-se levar a sério a ciência e a teologia.
Às vezes, os cristãos ficam intimidados com a teoria da evolução, esquecendo-se
de que é uma simples teoria, embora seja construída sobre muitos dados. Mas
quando a ciência segue adiante, descrevendo fatos e oferecendo explicações de
acontecimentos específicos para fazer uma explanação geral do universo, está indo
além de sua competência. Transforma-se então em filosofia e, especificamente,
cosmologia, que, por integridade intelectual, não poderia ser apresentada sem a
ressalva de que há outras teorias explanatórias. Entre as alternativas, é claro, existe
a idéia de que há um ser superior que deu existência a tudo.

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