No Inferno - O Verme nunca Morre
No Inferno - O Verme nunca Morre
Sei que qualquer figura de linguagem para descrever o
inferno é inapropriada. Ainda que tentemos fazê-lo, não conseguiremos descrever
a realidade do “lago de fogo e enxofre”, para onde irão o diabo, seus anjos e
todos os que não estão escritos no livro da vida.
Uma clara declaração acerca do castigo eterno dos ímpios, é
a seguinte: “Os quais [os ímpios], por castigo, padecerão [sofrerão] eterna
perdição
[penalidade eterna], ante a face do Senhor e a glória do seu
poder...” (2 Ts 1.9).
Daremos atenção à frase “padecerão eterna perdição”. Qual a
sua correta interpretação? Padecer eternamente significa sofrer eternamente?
Significa sofrer temporariamente para depois ser exterminado? Significa
extermínio puro e simples?
O verbo “padecer” (grego tinõ), “pagar uma penalidade”, é
traduzido na passagem por “padecerão (eterna perdição)”. Os ímpios estarão
sujeitos a uma penalidade. E a penalidade é eterna.
O termo “aiônios”, traduzido como eterno, infinito, que não
se acaba, contrasta com o termo proskairo, literalmente traduzido como “durante
uma temporada, uma estação, por algum tempo”. É o que se vê em 2 Co 4.18: “Não
atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem. Porque as que se
vêem são temporais [proskairos], e as que se não vêem são eternas [aiônios]”. Também “aiônios” é usado acerca do pecado que
nunca obterá perdão (Mc 3.29). Ou seja, por todo o sempre, pelos séculos dos
séculos, eternamente não haverá perdão para “qualquer que blasfemar contra o
Espírito Santo”.
A palavra grega “Olethros”, - “ruína, destruição” - foi
traduzida nesse caso com o seu adequado significado, isto é, “perdição”.
Segundo o Dicionário Aurélio, PERDIÇÃO significa desgraça, ruína, estrago,
desastre, perda. Exemplos: a perdição da esquadra; a perdição dos grevistas. E
também significa condenação às penas eternas; danação; perdição das almas;
desonra, descrédito, imoralidade, desregramento. Exemplo: A perdição da filha o
levou ao suicídio. Não se pode entender que “perdição” aqui seja entendida como
extermínio ou morte. Se o fosse, o entendimento seria que o pai se suicidou
porque a filha morreu. Não. O pai tirou a própria vida porque a filha caiu em
desgraça, arruinou-se.
O mesmo termo é usado em 1 Tm 6.9, com o significado de
“ruína”: “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína”.
Os homens que querem ficar ricos não são destruídos, mas arruinados, perdidos,
separados de Deus, espiritualmente mortos.
De igual modo, também o substantivo apõleia é traduzido como
“perda de bem estar, de felicidade”. É usado para descrever (a) coisas,
significando desperdício ou ruína: de ungüento (Mt 26.8; Mc 14.4); (b) pessoas,
significando sua perdição espiritual e eterna (Mt 7. 13; Jo 17.12; 2 Ts 2.3);
metaforicamente, alude aos homens que persistem no mal (Rm 9.22); aos
adversários do povo do Senhor (Fp 1.28, `perdição´); a cristãos professos, mas,
na verdade, inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.19, `perdição´); aos falsos
mestres (2 Pe 2.1,3); aos descrentes (2 Pe 3.7); aos que torcem as Escrituras
(2 Pe 3.16), etc. (Fonte: Dic. VINE).
Portanto, as palavras perdidos e perdição não podem ser
invariavelmente interpretadas como aniquilamento, como querem alguns grupos religiosos.
Um exemplo:
“E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às
ovelhas perdidas [apollumi] da casa de Israel” (Mt 15.24). Jesus disse que foi
enviado às ovelhas mortas? Não. Foi enviado às ovelhas desviadas, em ruína
espiritual. Agora vejam mais:
“E não temais os que matam [apokteinõ] o corpo e não podem
matar [apokteinõ ou apoktennõ] a alma; temei antes aquele [Deus] que pode fazer
perecer [apollumi] no inferno a alma e o corpo” (Mt 10.28; v. Lc 12.5).
Notem que o verbo apokteinõ foi traduzido no seu significado
real quando se refere a exterminar sofrer, o verbo
usado é apollumi. O evangelista soube muito bem fazer a distinção entre
exterminar e fazer padecer. Logo, ninguém pode matar [apokteinõ] a alma. Em
todos os setenta e quatro versículos em que foi usado o verbo apokteinõ o
significado literal e real foi o de exterminar, tirar a vida, extinguir:
“Jerusalém, Jerusalém, que matas [apokteinõ] os profetas, e apedrejas os que te
são enviados”! (Mt 23.37a).
alma e corpo. Quando o significado é
castigar, padecer e
Tais realidades se coadunam com a seguinte seqüência:
Apocalipse 19.20 - A besta e o falso profeta são lançados
vivos no lago de fogo. Apocalipse 20.2 – Satanás é amarrado por mil anos.
Apocalipse 20.5 – Os outros mortos reviveram após os mil
anos. Apocalipse 20.7 – Satanás será solto da sua prisão.
Apocalipse 20.10 – O diabo foi lançado no lago de fogo e
enxofre, onde estão a besta e o falso profeta. De dia e de noite serão
atormentados para todo o sempre.
Apocalipse 20.15 – Serão lançados no lago de fogo todos os
não inscritos no livro da vida.
Observem que passados mil anos (Ap 19.20) a besta e o falso
profeta ainda se encontravam vivos no lago de fogo (Ap 20.10) e continuarão no
mesmo eterno estado de ruína, sendo atormentados dia e noite. Se a besta e o
falso profeta não foram exterminados no lago de fogo, também não o serão os
ímpios ali lançados. “De dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”
quer dizer exatamente o que diz, isto é, eterna perdição (2 Ts 1.9).
Jesus revelou que os justos ressuscitarão “para a vida”, e
os ímpios “para serem condenados” (Jo 5.29); na carta aos romanos Paulo indica
que “haverá tribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal” (Rm
2.9); em Daniel 12.2 lê-se que os ímpios ressuscitarão “para a vergonha e
desprezo eterno”; Apocalipse
14.11 diz que não haverá descanso “nem de dia nem de noite”
para os adoradores da besta; Apocalipse 20.10 anuncia que os que forem lançados
no lago de fogo “serão atormentados dia e noite, para todo o sempre”; Jesus
declara que os insensatos e hipócritas serão punidos severamente num lugar
“onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt 8.12; 24.51; 25.30), e onde estarão
amarrados, em trevas, para todo o sempre (Mt 22.13).
Convenhamos, defunto não chora, não se angustia, não range
dentes, não passa por tribulação, não se atormenta, não sente vergonha ou
desprezo. Logo, não deve prevalecer a idéia de que os ímpios serão
exterminados. Deus não ressuscitará os
ímpios para exterminá-los em seguida (Ap 20.5). Agiria assim para que morram
“conscientes” da punição? De maneira alguma. É uma impropriedade alegar que a
ressurreição é um prelúdio da morte. Reviver para morrer, sair da sepultura
para, em seguida, ser exterminado é tese que colide frontalmente com a Palavra.
A ressurreição do corpo é para que viva; não para que morra. Não fosse assim,
não haveria razões para ressuscitar os que já se acham mortos.
Por último, examinemos:
“E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é
para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos,
seres lançado no fogo do inferno, onde o seu bicho [verme] não morre, e o fogo
nunca se apaga (Mc 9.47- 48)”.
Notas:
(a) “A declaração “onde o seu bicho não morre, e o fogo
nunca apaga” significa a exclusão de esperança de restauração, constituindo-se
em castigo eterno” (Dic. VINE).
(b) Jesus não está falando de vermes da terra, nem de nenhum
outro tipo de animal. Ele está falando sobre o corpo humano. Observe que ele
não diz: “onde o verme não morre”, mas diz: “onde não lhes morre o verme”. O
termo “lhes” [ou seu] refere-se aos homens que pecaram e morreram sem
arrependimento (cf. 9.42-47). “Verme”[bicho] é simplesmente um modo de
referir-se ao “verme humano”, ou a esta carcaça, conhecida como corpo. Isso
está de acordo com o contexto, em que Jesus está falando das partes do corpo,
tais como “mãos” e “pés” (9.43-45). Ele disse que não deveríamos temer os que
podem matar o corpo (os homens), mas não a alma; mas que, antes, temêssemos
aquele (Deus) que tem poder para lançar corpos e alma no inferno eterno (Lc
12.4-5; cf. Mc 9.34-48)” (Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições”
da Bíblia, Norman Geisler e Thomas Howe).
Com essas considerações, as passagens a seguir se tornam
mais claras:
“E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não
têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e
aquele que receber o sinal do seu nome” (Ap 14.11). “E o diabo, que os
enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso
profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10).
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